domingo, 12 de agosto de 2007

Aplausos para Daniel Barenboim e a sua West-Eastern Divan Orchestra

Com a disponibilidade do espaço que o Ponto de Vista me concede vou noticiar um notável concerto no encerramento da 2ª Plataforma do Fórum Cultural O estado do mundo, nos 50 anos da Gulbenkian.


No passado dia 7 o Grande Auditório da Gulbenkian esgotou para ouvir Beethoven (Abertura «Leonore III»op72c), Arnold Schönberg ( Variações para Orquestra, op31) e Tchaikovsky (Sinfonia Nº 6 em Si menor, op. 74, «Patética») pela orquestra criada em 1999 pelo músico israelita Daniel Barenboim e o intelectual palestiniano Edward Said, já falecido.

As palavras, no nome da orquestra, West-Eastern Divan referem-se a uma colecção de poemas de Goethe em homenagem a este poeta alemão, pela sua universalidade, e que curiosamente começou a estudar arábico com mais de sessenta anos.

A orquestra, constituída por jovens músicos israelitas e de outros países do Médio Oriente, não é apenas um projecto musical, mas visa estabelecer um diálogo entre países de culturas tradicionalmente rivais. Os trabalhos tiveram início em Chicago em 2002, mas a orquestra veio a estabelecer-se em Sevilha em 2004 graças ao apoio institucional e financeiro do Governo da Região Autónoma da Andaluzia. Criaram a Fundação Barenboim-Said com sede em Sevilha, e a Barenboim-Said Foundation USA nos Estados Unidos; mas esta, só para angariação de fundos. O projecto é liderado por Barenboim e por Maria Said, viúva de Edward Said. A base da orquestra é constituída por um número igual de músicos israelitas e palestinianos aos quais se juntam músicos da Andaluzia e ainda outros alunos como observadores. O Governo da Andaluzia atribui bolsas aos alunos dotados e com poucos recursos económicos, para estudarem na Europa e nos Estados Unidos.

A orquestra têm-se apresentado em diversos países europeus, e americanos, tendo actuado pela primeira vez num país árabe em 2003, (Rabat) e em 2005 na Palestina(Ramallah). Tem gravado CDs/DVDs.

Com uma programação excelente, Barenboim dirigiu a orquestra com a sua forma muito peculiar, não excedendo o gesto e não faltando o necessário. Ora se encosta ao varão que o protege, ora se movimenta de uma forma persuasiva e eficaz. Imprime confiança, sentimento, rigor. .Depois, sabe gerir os aplausos. Cumprimenta os músicos, manda levantar naipes, solistas, só depois é que se volta; e aí a ovação explode. No final a plateia manteve-se de pé aplaudindo continuada e energicamente, durante as vezes que ele veio ao palco. Veio-me à memória o que se passou no Coliseu há uns anos atrás; Barenboim regia a Sinfónica de Chicago e tocava Mahler. Quando terminou, a assistência levantou-se de uma só vez, como uma mola. Ouviu-se um ah!!! abafado, de espanto, e soltaram-se os aplausos.

A Ponta da Vista

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Novo Aeroporto de Portugal

Vem hoje no Diário de Notícias o anúncio de que o estudo da CIP propõe a solução de uma infraestrutura dupla, Portela e Alcochete. Espero bem que os autores dos estudos ponderem em face dos tristes e recentes acontecimentos ocorridos em Congonhas.
Infelizmente a memória é curta e o acidente foi a muitos quilómetros de Portugal. Os Lisboetas que se acautelem com a continuação de um aeroporto dentro da cidade...