quinta-feira, 29 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A decisão de Maria João Pires

Sob o título, "A decisão de Maria João Pires", comentei, na altura do alvoroço da sua renúncia à Nacionalidade Portuguesa, o texto que hoje publico. E o motivo porque o faço, é porque, Maria João Pires vem à Casa da Música tocar BEETHOVEN no próximo dia 28.
O seu prestígio como pianista colide com o sentimento de indiferença que ela nos inspira depois da infeliz arrogância de renúncia ao seu País.
E assim escrevi:

"Não haveria assunto mais polémico para nos pôr todos às “turras”. A minha opinião é que não deveríamos misturar factos.
1- A decisão de MJP se tornar brasileira, penso que deva ser considerado como uma questão pessoal, e não por “birra” ou simplesmente por se sentir ofendida.Vivemos actualmente num País democrático, e não podemos “ofender” aqueles que de uma forma ou de outra tiveram no passado de viver no exílio por via das suas convicções. Entendo que tratando-se de uma figura da máxima relevância, deveria no entanto, vir publicamente dizer o motivo da sua opção, por uma questão de cortesia e educação. Só por isso.
2-O projecto de Belgais não deve ser alheio ao Governo Português, e todos sabemos que não foi; poderia ser maior ou outro,todos sabemos que sim;mas penso que um projecto educativo na área da música, vindo de MJP, não pode estar confinado a uma escolinha em Belgais. MJP é universal e por isso o projecto terá que o ser também;e nesse sentido deveria chegar a espaços maiores que ultrapassassem a fronteira portuguesa, e angariador de fundos noutros meios mais ricos. Onde estão os amigos magnates de MJP? Deve-os ter. Sediado em Belgais? Óptimo; que daí resultasse desenvolvimento para o País na área de educação musical, ainda melhor.
Neste capítulo posso dar o exemplo de Barenboim,fundador da Orquestra West Eastern Divan com um projecto educativo e político de todos conhecido, sediado em Sevilha com apoios do governo Andaluz, mas vive essencialmente com os apoios dos que tendo dinheiro acreditam nele;tem na América uma sede da Fundação só para angariar fundos.
A Orquestra Juvenil Simon Bolívar que me encantou este ano no Coliseu, foi criada pelo economista venezuelano João António Abreu, que, com um conjunto de amigos e simpatizantes do projecto, e com dinheiro,criaram a Fundação(FESNOJIV)que é hoje aquela obra magnífica de educação juvenil dirigida a crianças que vivem abaixo do limiar da pobreza.
Mas há mais. Este espaço é que não é para isso.
A minha opinião é portanto, que antes de se queixar do País , MJP terá de se queixar do seu próprio projecto.
3-A catástrofe que tem caído no ensino artístico português, deveria ser motivo de luta e não de DESISTÊNCIA.A MJP poderia ter uma acção importante aí.E quando se perde uma batalha não se perde a guerra.
Por último,permitam-me que discorde de MJP quando desiste de Belgais. E se razões deste género a fizeram desistir do País,não posso estar mais em desacordo com ela. Alimento a esperança de não ter sido."

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sejamos educados


"O resultado das legislativas não se limita a traduzir a profunda estupidez com que o eleitorado nacional se comportou."

Quem o diz é Graça Moura, destacada figura do PPD/PSD, partido perdedor, hoje no DN.

Com este destaque, pretendo denunciar o insulto dirigido àqueles que, se exprimiram livremente e em maioria, e por muito que nos doa, não temos o direito em nenhuma circunstancia de rotularmos de uma forma insultuosa a vontade e o querer dos outros,quando assim expressas.
Confesso que a grosseria me surpreende.
Já não me surpreende, o mote do artigo; o desejo de ver continuar na direcção do partido MFL.
É como quem diz, para pior, deixem estar o que está.
Eles não têm é quem lá pôr.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

um mal nunca vem só

Depois do episódio do Presidente Cavaco, a eleição do Presidente Rio.
Existem algumas semelhanças entre os dois. Ambos imprevisíveis e desnecessários. Ambos formatados em paradigmas "parolos"e tenebrosamente alicerçados nos princípios da incultura.
E para pasmo de muitos e interesse de alguns, Rio voltou a ganhar e com plenos poderes!...
Não é alheio a isto o PS, que nada fez para o evitar. O fato vestia mal na candidata escolhida, e embora lhe sejam reconhecidas as qualidades necessárias para o cargo, nunca as conseguiu afirmar, pelo facto de todos termos necessidade de nos sentirmos bem na nossa pele; e ela não se sentia na dela.
Não é minha intenção dissecar as razões e as consequências de tão levianas decisões, mas o certo é que continuaremos a assistir à de-lapidação do Património Cultural e não só, com cara de papalvos a olhar para o céu enquanto alguns brincam aos aviões, ou a "deliciarmo-nos" com a estridência dos aceleras, enquanto outros, brincam aos automóveis; pagando a factura, obviamente.
Enquanto isso:
- o Património Mundial que a UNESCO reconheceu degrada-se a olhos vistos,
- as Fontes da cidade secam e os vândalos estilhaçam-nas,
- o Teatro Rivoli (Teatro Municipal) continua a encher os bolsos do La Féria, e o Pelouro da Câmara responsável pela sua utilização e dinamização
é como se não existisse,(gostava de ver o que aconteceria em Lisboa se o La Féria deixasse o Politeama e fosse para o S. Luiz),
- o Bolhão cai por abandono,
- o Palácio de Cristal é ferido no seu património e escandalosamente entregue a interesses comerciais privados,
-o Bairro do Aleixo, obra do Arq. Távora, é demolido, não para reinstalar as pessoas que lá vivem, o lugar é bonito de mais para elas, mas para as espalhar pela cidade, como quem dá milho aos pombos, para nesse local se construírem Torres de Luxo,
- os negócios e os pareceres chorudos do Parque da Cidade, vão continuar,
-a Casa da Música vai continuar a "programar"...
-e Pedro Burmester a interpretar o concerto para Piano de Cage 4´33, porque não toca no Porto enquanto Rio for Presidente.
-e se pretendesse enumerar tudo o mais que a cidade vai continuar a perder, para aqui ficava...