segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A decisão de Maria João Pires

Sob o título, "A decisão de Maria João Pires", comentei, na altura do alvoroço da sua renúncia à Nacionalidade Portuguesa, o texto que hoje publico. E o motivo porque o faço, é porque, Maria João Pires vem à Casa da Música tocar BEETHOVEN no próximo dia 28.
O seu prestígio como pianista colide com o sentimento de indiferença que ela nos inspira depois da infeliz arrogância de renúncia ao seu País.
E assim escrevi:

"Não haveria assunto mais polémico para nos pôr todos às “turras”. A minha opinião é que não deveríamos misturar factos.
1- A decisão de MJP se tornar brasileira, penso que deva ser considerado como uma questão pessoal, e não por “birra” ou simplesmente por se sentir ofendida.Vivemos actualmente num País democrático, e não podemos “ofender” aqueles que de uma forma ou de outra tiveram no passado de viver no exílio por via das suas convicções. Entendo que tratando-se de uma figura da máxima relevância, deveria no entanto, vir publicamente dizer o motivo da sua opção, por uma questão de cortesia e educação. Só por isso.
2-O projecto de Belgais não deve ser alheio ao Governo Português, e todos sabemos que não foi; poderia ser maior ou outro,todos sabemos que sim;mas penso que um projecto educativo na área da música, vindo de MJP, não pode estar confinado a uma escolinha em Belgais. MJP é universal e por isso o projecto terá que o ser também;e nesse sentido deveria chegar a espaços maiores que ultrapassassem a fronteira portuguesa, e angariador de fundos noutros meios mais ricos. Onde estão os amigos magnates de MJP? Deve-os ter. Sediado em Belgais? Óptimo; que daí resultasse desenvolvimento para o País na área de educação musical, ainda melhor.
Neste capítulo posso dar o exemplo de Barenboim,fundador da Orquestra West Eastern Divan com um projecto educativo e político de todos conhecido, sediado em Sevilha com apoios do governo Andaluz, mas vive essencialmente com os apoios dos que tendo dinheiro acreditam nele;tem na América uma sede da Fundação só para angariar fundos.
A Orquestra Juvenil Simon Bolívar que me encantou este ano no Coliseu, foi criada pelo economista venezuelano João António Abreu, que, com um conjunto de amigos e simpatizantes do projecto, e com dinheiro,criaram a Fundação(FESNOJIV)que é hoje aquela obra magnífica de educação juvenil dirigida a crianças que vivem abaixo do limiar da pobreza.
Mas há mais. Este espaço é que não é para isso.
A minha opinião é portanto, que antes de se queixar do País , MJP terá de se queixar do seu próprio projecto.
3-A catástrofe que tem caído no ensino artístico português, deveria ser motivo de luta e não de DESISTÊNCIA.A MJP poderia ter uma acção importante aí.E quando se perde uma batalha não se perde a guerra.
Por último,permitam-me que discorde de MJP quando desiste de Belgais. E se razões deste género a fizeram desistir do País,não posso estar mais em desacordo com ela. Alimento a esperança de não ter sido."

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